4 de fevereiro de 2008

CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS

(foto de Luana Rangel)

O que pode unicamente ser nossa doutrina ? ­ Que ninguém dá ao homem as suas qualidades, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e antepassados, nem ele mesmo ( o contra-senso da “idéia”, refutado em último lugar, foi ensinado, sob o nome de “liberdade inteligível” por Kant e talvez já por Platão). Ninguém é responsável pelo fato do homem existir, de estar conformado desta ou daquela maneira, de encontrar-se em tais condições, em tal meio. A fatalidade de seu ser não pode ser separada da fatalidade de tudo que já foi e de tudo que será. O homem não é a conseqüência duma intenção própria, de uma vontade, de um fim; com ele não se fazem ensaios para obter um “ideal de humanidade”, um “ideal de felicidade” ou ainda um “ideal de moralidade” - é absurdo querer desviar seu ser para um fim qualquer. Nós inventamos a idéia de “fim”: na realidade não existe “fim”...Somos necessários, somos um pedaço de destino, fazemos parte do todo, estamos no todo – não há nada que possa julgar, medir, comparar, condenar nossa existência, pois isso seria julgar, medir, comparar e condenar o todo... Mas não há nada fora do todo! - Ninguém pode ser tornado responsável, as categorias do ser não podem ser referidas a uma causa primeira, o mundo não é mais uma unidade, nem como mundo sensível, nem como “espiríto”: apenas esta é a grande libertação – desse modo a inocência do devir é restabelecida.. A idéia de “Deus" foi até agora a maior objeção contra a existência... Nós negamos a Deus, negamos a responsabilidade em Deus: somente com isso salvamos o mundo. (Friedrich Nietzsche)

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