23 de fevereiro de 2008

RESSONÂNCIA E CONTEMPORANEIDADE

Liane Zink
O conceito de ressonância é um dos pilares centrais na teoria da Biossíntese que David Boadella desenvolveu.
Assim como o grounding que foi criado por Alexander Lowen, foi atualizado e expandido, também a ressonância, ganha diferentes visões na atualidade.
Para compreendê-la, iniciaremos pela compreensão que o sentido do real depende da experiência vincular e que essa experiência começa com movimentos pulsatórios uterinos, começa com a relação mãe-bebê, através da ressonância.
Este movimento pulsatório da ressonância, esta pulsação de vida, também presente no momento do nascimento, indica um ritmo de compartilhamento entre mãe e bebê. Ele é o que diferencia um organismo do outro e o singulariza. Este ritmo é o movimento do desejo interno que gera uma coreografia que, por sua vez, possibilita um fluxo de alma.
Quando há ressonância, existe graciosidade e fluxo de alma. Ela cria a melodia do contato e organiza a dinâmica do self do sujeito.
São seus elementos constituintes a simpatia e a empatia, a confiança básica, a continência, o holding, a cooperação e a integração. Todos eles são participantes da possibilidade da dança acontecer entre duas pessoas, como diria Boadella, desde a criação do início desse movimento até o encontro, que é o ápice do processo.
David Boadella especifica que para se chegar à ressonância é necessário passar pela interferência. Encontramos a ressonância aos poucos, saindo da interferência, cada vez mais em contato com o coração. E abrir o coração, levando-se em conta os conceitos contemporâneos, significa presentificação, ocupar o lugar, ter a capacidade de entrar no campo onde inúmeros fluxos se atravessam e se afetam e ampliar novas possibilidades.
Faz parte da ressonância o conceito de inclusão. Ter a capacidade de incluir em si o outro do jeito que ele é. Aceitação e presença, que formam um campo, em que se recupera esse espaço que se situa entre as pessoas. Espaço que une e que é um campo de ressonância, que se constitui dentro e ao redor das pessoas em relação. Um espaço entre e um tempo, que não é linear, nem absoluto, mas o tempo de encontrar um ritmo biológico interno.
Para ilustrar um campo de interferência, descreverei o mito do Narciso. Eco, a deusa que perdeu a voz própria, por sua paixão, cria um estado de anti-ressonância, um estado simbiótico com Narciso por repetir as suas frases, num espaço que lhes é comum. Esse estado eco-narcísico surge em vários campos nas relações. Nos estados de paixão em que se parece estar tão ressonante, na verdade, temos simbiose, o que acaba criando uma falsa unidade. Para estabelecer a ressonância, entretanto, é preciso encontrar o registro da diferença.
Estar em ressonância é ir além da transferência, diz Boadella, ou seja, á a possibilidade de sair da pequena história projetiva para entrar num sistema mais amplo de relacionamento. É construir novos mapas de aprendizagem
Hoje, fala-se também de ecoressonância. O mundo atual que apresenta tragédias naturais ou provocadas pelo homem, nos coloca em ressonância com todo o planeta. Impossível não ficar ressonante com os efeitos do Katrina. A ressonância com a aldeia global constrói os humores do nosso dia-a-dia, nos afeta.
Podemos falar de ressonância com a comunidade. Edith Stein Werk nos diz que existe uma comunidade de destino que coloca a humanidade num grande todo e que a humanidade procede de uma mesma raiz, se dirige a um mesmo fim e está implicada num mesmo destino. Aí está a possibilidade de ressonância entre todos. Essa é a dança do encontro.
Como vemos muito se pode acrescentar ao conceito de ressonância se observarmos aspectos da contemporaneidade.

17 de fevereiro de 2008

PASSADO, FUTURO...

Voltar no tempo... reviver, reaprender, ter uma nova chance.
Se pudesse voltar no tempo e fazer diferente...
Se tivesse a oportunidade de refazer as coisas...
Talvez conseguisse ser diferente, ou não...
Talvez não precisasse ser diferente,
nunca se sabe...
Mas reviver o que passou é um sonho que nos encanta e atrai.
Somos os seres das infinitas possibilidades, somos cientistas, analistas e cobaias de nós mesmos. Nos vemos como criadores e descobridores universais, uma estonteante ilusão que nos alimenta e movimenta e na maior parte do tempo nos faz perder contato com o real.
Como seria a minha vida se eu pudesse agir de maneiras sempre novas?
Que resultados seriam possíveis? ...teoria das probabilidades...
E viajar no futuro... descobrir o resultado das infinitas probabilidades? Encarar o efeito de nossas escolhas?
Talvez tudo isso nos fizesse mais cuidadosos e humanos... talvez...
O passado e o futuro conscientes nos faz alertas ao nosso presente maior: o aqui e agora!
Cris Rangel

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

De acordo com os especialistas, reunidos neste fim de semana nos Estados Unidos para discutir os 14 maiores desafios da humanidade neste século, máquinas e humanos poderão “se fundir” num futuro não muito distante.
Para o engenheiro Ray Kurzweil, a humanidade está à beira de avanços antes inimagináveis, como a instalação de robôs minúsculos no cérebro, que o tornariam “mais inteligente e saudável”.
“Nós poderemos ter nanobots (chips) inteligentes que entrariam no cérebro a partir dos vasos capilares e poderão interagir diretamente com nossos neurônios biológicos para melhorar a capacidade de memória, por exemplo”, disse ele, em entrevista à BBC.
“Isso é parte da realidade da nossa civilização”, disse ele.
O engenheiro acredita que em 2029, a humanidade terá os recursos de inteligência artificial necessários “para que máquinas atinjam a inteligência humana, inclusive a inteligência emocional”.
Ray Kurzweil acredita que será possível implantar no cérebro um computador do tamanho de um grão de ervilha para substituir neurônios destruídos pelo Mal de Parkinson.
“A última geração deste implante neural permite que se baixe um software para um computador dentro do cérebro do paciente”, explica ele.
“E isso não é um experimento, já é uma terapia aprovada para o tratamento de Parkinson. Isso significa que o estamos fazendo grandes progressos”.
Para os especialistas, alguns dos grandes desafios para a humanidade neste século incluem a resolução de problemas com fontes de energia alternativa, o desenvolvimento de realidade virtual, e o acesso à água potável.

16 de fevereiro de 2008

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Na brincadeira dos meninos que vi não havia armas indígenas ou de fogo,
mas apenas referências a mísseis scuds, bombas atômicas e, pasmem!,
um carregamento de Antrax - o que me fez crer que eles andam (perigosamente)
acompanhando o noticiário.
Os diálogos eram mais ou menos assim:
_ "Tu tem que se render, Saddam, senão vou jogar
uma bomba atômica no teu palácio".
O outro menino, bem menor do aquele que se dizia
George Bush, respondia:
_"O terror vai dominar! O terror vai dominar!".
E ambos se atracavam, aos tapas e repelões,
com Saddam, claro, levando a pior até naquela brincadeira de criança.
Um terceiro garoto, que parecia fazer ali o papel de Tony Blair,
gritava: _"Dá nele, Bush, dá nele!".

12 de fevereiro de 2008

CORPO-ALMA

“Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. ...olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. ... não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. ... temos disfarçado com o pequeno medo e o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. ...não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer ' pelo menos não fui tolo ' e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.”
Clarice Lispector

4 de fevereiro de 2008

CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS

(foto de Luana Rangel)

O que pode unicamente ser nossa doutrina ? ­ Que ninguém dá ao homem as suas qualidades, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e antepassados, nem ele mesmo ( o contra-senso da “idéia”, refutado em último lugar, foi ensinado, sob o nome de “liberdade inteligível” por Kant e talvez já por Platão). Ninguém é responsável pelo fato do homem existir, de estar conformado desta ou daquela maneira, de encontrar-se em tais condições, em tal meio. A fatalidade de seu ser não pode ser separada da fatalidade de tudo que já foi e de tudo que será. O homem não é a conseqüência duma intenção própria, de uma vontade, de um fim; com ele não se fazem ensaios para obter um “ideal de humanidade”, um “ideal de felicidade” ou ainda um “ideal de moralidade” - é absurdo querer desviar seu ser para um fim qualquer. Nós inventamos a idéia de “fim”: na realidade não existe “fim”...Somos necessários, somos um pedaço de destino, fazemos parte do todo, estamos no todo – não há nada que possa julgar, medir, comparar, condenar nossa existência, pois isso seria julgar, medir, comparar e condenar o todo... Mas não há nada fora do todo! - Ninguém pode ser tornado responsável, as categorias do ser não podem ser referidas a uma causa primeira, o mundo não é mais uma unidade, nem como mundo sensível, nem como “espiríto”: apenas esta é a grande libertação – desse modo a inocência do devir é restabelecida.. A idéia de “Deus" foi até agora a maior objeção contra a existência... Nós negamos a Deus, negamos a responsabilidade em Deus: somente com isso salvamos o mundo. (Friedrich Nietzsche)

1 de fevereiro de 2008



Iniciou a viagem...
Homem simpático e cordial.
Ficou com um quarto ,
Alagava sempre...
Sensação de curiosidade...
As mulheres fumam e bebem...
Improvisado,pequeno,
Mas com uma grande energia.
Memória de guerra
Tetos,portas,esculturas
O encantam.
Detalhista.
Música de buzinas,
Se comunica através delas.
Se entende dentro da confusão.
Identificação completa
Abalado com as imagens
Se sente ausente, às vezes sente frio,
as vezes sente calor...
acorda todo molhado! E com frio...
Cheias de maquiagem e antipáticas,
Energia agressiva e descontrolada.
Crianças apaixonadas,
“Mistério,segredo e muito mais,...
divino brinquedo...
amar como dois animais.”
Lobo Mau voando por cima da cadeira.
Horizonte,Mar, despedidas...
Abraçados de corpo inteiro,
até sumir de vista...
A peregrinação...
1ª parada
muitas risadas, risadas abertas
pouco a pouco a se soltar.
Tensão no ar...
2ª parada
seguimos viagem...
3ª parada
tensão,incompreensão, mulheres cobertas...
4ª parada
caras sisudas se tornam amistosas.
Esperou até ser liberado.
5ª parada
música árabe, todos a dançar.
Mãos,cabeças,olhares, percussão riquíssima
Contagiou,dançou, bateu palmas
e cantou como louco.
6ª parada
muito medo, muito tranqüilo,
passou a última barreira.
Gritou e comemorou... dançou até chegar...
Não entendia nada... Mar,morto?
Desarmonia total , não sabia o que iria atravessar...
Coração foi parar na boca.
Acessar a Internet, sentindo paixão? Loucura!!!
Escondido atrás da cortina, contou sobre a travessia...
As crianças riem muito.
Trágico, lamento! Revolta aumenta
Desertos,arames farpados,calor,
máquina que solta vento... estranho detector de cheiros...
Raiva,desapontamento. Mulheres com muita roupa...
Inacreditável!
Espera,espera, estrada,secura, estrada vazia, proteção?
Poeira,muro, sol entrando pala janela.
Silêncio...
Barulhentos,suados,...animados.
Não se sente acolhido... as coisas tem que ser adaptadas.
Gostou das pessoas?
LINDO! EMOCIONANTE! GRATIFICANTE! MARAVILHOSO!
CEM PALAVRAS!
Retorno maravilhoso, parado no mar,morto,
Flutuou,tombou, sangrou... Relax total .
Se fechou, se protegeu,voou...
Avião vazio, aeroporto lotado...
Nasceu o dia, emocionado, repleto,
feliz com a viagem, agradeceu a Deus.