19 de junho de 2008

RETORNO DOS PALESTINOS

RODRIGO DURÃO COELHO da BBC, na Cisjordânia

Refugiados há 60 anos, palestinos não desistem de retorno à terra. Aos 90 anos de idade, o palestino Abu Yussef é um homem frágil. Anda com dificuldade, enxerga mal, mas quando fala da terra que deixou, seu rosto se ilumina e a voz se torna mais firme.
"Plantava azeitonas de qualidade tão boa que até hoje o azeite produzido lá leva o mesmo nome, Beit Na Bel. A terra era fantástica, muito fértil, descobri nela até um poço de água", afirma ele.
Abu Yussef é uma das cerca de 700 mil pessoas que deixaram suas casa e vilas em 1948, fugindo da violência de milícias judaicas que conquistavam terras para a formação de Israel. Ele se tornou um refugiado e, segundo determinou a ONU, seus descendentes também o são.

Mesmo com o passar de várias décadas, o apego à terra perdida parece não ter diminuído entre os palestinos."Em 1967, um grupo de pesquisadores americanos e israelenses veio nos visitar", afirma Abu Hafiz, que como Abu Yussef, vive no campo de refugiados de Al Jalazon, na Cisjordânia.
"Perguntaram o quanto ainda sentíamos falta de nossas terras e se surpreenderam que, quase 20 anos depois de sairmos, nós não aceitaríamos acordo nenhum para abrir mão dela. Isso faz mais de 40 anos e nada mudou."
O analista palestino Mahdi Abdullah Madi afirma que a ligação com a terra se tornou parte indissociável da identidade do povo.
"Representantes da segunda, terceira e até quarta geração de refugiados carregam a mesma determinação de tentar recuperar a terra palestina", diz ele.
Com 19 anos de idade, Thair Nakhla, como a maioria dos refugiados palestinos, nunca pisou na terra de seus antepassados. Mesmo assim, não admite negociar esse ponto.
"Não se pode esquecer quem somos e de onde viemos", diz ele.
Direito ao retorno
Um dos principais entraves para os avanços de negociações de paz entre israelenses e palestinos sempre foi a questão do direito ao retorno dos refugiados.
A resolução 194 da Assembléia Geral da ONU, de dezembro de 1948, recomenda que os refugiados judeus e palestinos devem ter o direito de voltar se eles desejarem viver em paz com seus vizinhos.
A resolução foi inicialmente rejeitada por países árabes, que não reconheciam Israel, mas depois foi citada pelos mesmos países ao defenderem o direito do retorno dos palestinos.
Um levantamento feito em 2002 pela ONU calcula que o número de refugiados palestinos é de mais de quatro milhões de pessoas.
Eles vivem em terras palestinas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, além de países como Jordânia, Egito, Iraque, Líbano e Síria.
Um amplo estudo com refugiados, feito em 2003, estimou que 95% consideram essencial que Israel reconheça o direito ao retorno, embora apenas cerca de 10% tenham afirmado que se mudariam para o país.

Israel, entretanto, não quer o retorno dos refugiados palestinos. "Eu sei que os palestinos pagaram o preço. A terra era deles, pertencia e seus pais", diz o analista israelense Dani Rubinstein.
"Mas politicamente seria impossível concordar com a volta de milhões de palestinos para Israel. Isso alteraria a essência do Estado."
"Essa foi uma decisão tomada pelo governo israelense ainda em 1948. Na época, centenas de milhares de judeus vindos de países vizinhos e da Europa gente que havia estado em campos de concentração tinham vindo a Israel."
"Isso, de certa forma se tornou uma justificativa para o povo israelense, que pensou: 'nós acolhemos muitos judeus de países árabes. Que os países árabes lidem com os refugiados árabes."

15 de junho de 2008

CORPOS NO FUTURO

Pensando sobre os tempos... os corpos dos tempos..., me arrisco a algumas predições (que na verdade já são realidades...)
Como será o corpo e seu movimento no futuro ...?
O movimento será somente o estritamente necessário? ... necessário? Talvez nem seja mais necessário....
Tudo guiado, projetado e realizado pelo cérebro, afinal os seres humanos estarão totalmente modificados e melhorados geneticamente, para sobreviverem as mudanças climáticas, sociais e geográficas...
Serão disponíveis softwares para serem implantados no cérebro. Qualquer tipo de conhecimento será possível... Vivenciar todas as emoções e situações..., sentada na sua poltrona?...já imaginou...?
Qual seria o movimento necessário então, nesse tempo?
Como as pessoas irão se mover?
Já imagino que todas as pessoas terão cadeiras de rodas, as ruas serão repletas delas, tudo muito organizado...
O mundo todo acontecendo nas mentes, que podem se conectar com outras mentes e com um "computador central"...
O sentidos físicos não serão mais necessários, serão substituídos pelos pensamentos, inteligência e raciocínio.
Que movimento restará?
Poucos, precisos, controlados... como por exemplo,... fechar os olhos...!
Um corpo invisível, inaudível, inodoro, imóvel, em profundo estado de meditação...
Como então, se moverão os corpos no futuro-presente?

27 de abril de 2008

LO SAGRADO TEATRAL EN GROTOWSKI - por Peter Brook

"El actor tiene en sí mismo su campo de trabajo.
...el actor permite que el papel lo "penetre"; al principio el gran obstáculo es su propia persona, pero un constante trabajo le lleva a adquirir un dominio técnico sobre sus medios físicos y psíquicos, con lo que puede hacer que caigan las barreras. Este dejarse "penetrar" por el papel está en relación con la propia exposición del actor, quien no vacila en mostrarse exactamente como es, ya que comprende que el secreto del papel le exige abrirse, desvelar sus secretos. Por lo tanto, el acto de interpretar es un acto de sacrificio, el de sacrificar lo que la mayoría de los hombres prefiere ocultar: este sacrificio es su presente al espectador. Entre actor y público existe aquí una relación similar a la que se da entre sacerdote y fiel. Está claro que no todo el mundo es llamado al sacerdocio y que ninguna religión tradicional lo exige. Por una parte están los seglares -que desempeñan papeles necesarios en la vida- y, por la otra, quienes toman sobre sí otras cargas, por cuenta de los seglares. El sacerdote celebra el rito para él y en nombre de los demás. Los actores de Grotowski ofrecen su representación como una ceremonia para quienes deseen asistir: el actor invoca, deja al desnudo lo que yace en todo hombre y lo que encubre la vida cotidiana. Este teatro es sagrado porque su objetivo es sagrado: ocupa un lugar claramente definido en la comunidad y responde a una necesidad que las Iglesias ya no pueden satisfacer."

11 de abril de 2008

EL AMOR (OSHO)

He oído un dicho muy extraño de Jorge Luis Borges. Escúchalo:
"Dale aquello que es sagrado a los perros.
Arroja las perlas a los puercos
porque lo que importa es dar".
Has oído lo contrario que dice así: "No arrojes nada a los perros y no des perlas a los puercos, porque
no entenderán".
Lo que importa no es lo que estás dando: perlas, santidad y amor, ni a quién se lo estás dando. Eso no es
importante. Lo importante es que estés dando. Da cuanto tengas. Gurdjieff solía decir: "Todo lo que
acumulé, lo perdí y todo lo que di, es mío. Todo aquello que di aún lo tengo, y todo lo que acumulé se
perdió, se fue." Cierto; tienes sólo aquello que has compartido. El amor no es una propiedad para ser
guardada; es un resplandor, es una fragancia para ser compartida. Cuanto más compartas, más tendrás
cuanto menos compartas, menos tendrás.

23 de março de 2008

OSHO

A dança e o riso
No dia em que o homem se esquecer de rir, no dia em que o homem se esquecer de brincar, no dia em que o homem se esquecer de dançar, ele não será mais um homem; ele terá caído para uma espécie sub-humana. A brincadeira o deixa leve, o amor o deixa leve, o riso lhe dá asas.
Dançando com alegria ele pode tocar as estrelas mais longínquas, pode conhecer o próprio segredo da vida.

A democracia ainda não aconteceu
Na circunferência as pessoas são diferentes, e elas deveriam ser diferentes, e todos deveriam manter sua individualidade na circunferência. A pessoa nunca deveria fazer concessões por razão alguma. Só então podemos criar um mundo realmente democrático. Democracia real significa que a massa, a multidão, não está mais no controle da vida individual.
Democracia é menos um fenômeno político do que um fenômeno religioso. Democracia é uma visão de vida totalmente nova. Ela ainda não aconteceu em lugar nenhum; ainda tem que acontecer. Democracia significa que cada indivíduo tem o direito de viver de acordo com a sua luz, ele não deveria ser impedido disso. A não ser que ele se torne um distúrbio ou um problema para outros, a ele deveria ser permitida toda a liberdade em todos os aspectos da vida.
Essa é a minha visão de um mundo realmente democrático. É assim que eu gostaria que fossem meus sannyasins: nenhuma interferência na vida de ninguém. Um grande respeito tem que ser dado ao outro.
Mas no centro, todo mundo é o mesmo. Quando você medita você se move em direção ao centro. Nos momentos mais profundos de meditação, todas as diferenças desaparecem. Você é universal lá, não individual.
E você tem que ser ambos: individual e universal. E você tem que ser muito flexível e fluido entre esses dois. Deveria ser tão fácil como quando você sai para fora de seu lar, da sua casa. Quando está frio demais lá dentro você vem para fora, você se senta ao sol. Quando fica quente demais você entra. Isso não cria nenhum problema; você simplesmente entra, você sai. Não há problema algum - é a sua casa.
Uma pessoa deveria ser capaz de viver na circunferência e no centro facilmente. Ela deveria ser capaz de se mover do mercado ao espaço meditativo e do espaço meditativo ao mercado - sem nenhum problema, facilmente, espontaneamente.

16 de março de 2008

FRIEDRICH NIETZSCHE

A dizer nos ouvidos dos conservadores

"O que não se sabia outrora, o que se sabe hoje, o que se poderia saber - é que uma formação para trás, uma regressão, num sentido qualquer, num grau qualquer, não é de modo algum possível. É ao menos, o que nós sabemos, nós, os fisiologistas. Mas todos os sacerdotes e todos os moralistas acreditaram nisso- quiseram levar a humanidade a uma medida anterior de virtude, dar uma espécie de passo para trás. Até mesmo os políticos imitaram nisso os pregadores da virtude: ainda hoje há partidos que sonham em fazer com que as coisas caminhem para trás como os caranguejos. Não é possível: é preciso ir para frente, isto é, avançar passo a passo mais adiante para a decadência (esta é a minha definição do "progresso" moderno). Pode-se por obstáculos a esse desenvolvimento e, ao travá-lo, criar uma ressureição da degenerescência, concentrá-la, torná-la mais veemente e mais repentina: aí está tudo o que se pode fazer."

Máximas
Corres a frente dos outros? - Fazes isso como pastor ou como exceção? Um terceiro caso seria o desertor... Primeiro caso de consciência.

És verdadeiro? Ou somente és um comediante? És um representante? Ou então és tu mesmo a coisa que representa? Afinal de contas, não és talvez senão uma imitação de um comediante... Segundo caso de consciência.

És daqueles que olham ou daqueles que põem as mãos na massa? - ou ainda daqueles que desviam os olhos e se mantêm à distância?... Terceiro caso de consciência.

Queres acompanhar? Ou preceder? Ou ainda seguir teu próprio caminho?... Cumpre saber o que se quer e se se quer. Quarto caso de consciência.

4 de março de 2008

FAZENDO AMOR

Há uns anos atrás as pessoas não faziam sexo,... faziam amor. Me lembro de muitos carinhos, afagos, abraços, esperar o outro ...gozar junto, ... é esse o sexo que conheço e aprecio.
O sexo que se vende hoje é repleto de perversão, técnica e insaciedade... além de nos tornar esteriótipos de máquinas de prazer. Somos suas presas, e presos a nossa programação tentamos saborear o amor, mas ele já era...se foi... O que restou é o despojo... Tentamos acreditar que assim é muito melhor, mas a sede infinita não nos dá sossego... e ansiamos sempre por aquilo que não temos... e continuamos a desejar...
Fazer amor não é difícil, mas nos dias de hoje se tornou quase impossível. Precisa admirar o outro, confiar no outro (isso é difícil!), se entregar sem reservas, viver o momento de cada carinho absorvendo e se deleitando, precisa pegar a onda, surfar com o outro, abraçados, envolvidos... e isso tudo ao vivo e a cores, é muito difícil..., nos dias das máquinas eficientes, das respostas imediatas, das técnicas avançadas, do conhecimento acumulado, o que nos resta são experimentos de técnicas de aumento do prazer no sexo...
E eu, uma simples mortal, observo e choro... choro pois sei que as coisas não tem volta... a ingenuidade é perdida... e é para sempre!

23 de fevereiro de 2008

RESSONÂNCIA E CONTEMPORANEIDADE

Liane Zink
O conceito de ressonância é um dos pilares centrais na teoria da Biossíntese que David Boadella desenvolveu.
Assim como o grounding que foi criado por Alexander Lowen, foi atualizado e expandido, também a ressonância, ganha diferentes visões na atualidade.
Para compreendê-la, iniciaremos pela compreensão que o sentido do real depende da experiência vincular e que essa experiência começa com movimentos pulsatórios uterinos, começa com a relação mãe-bebê, através da ressonância.
Este movimento pulsatório da ressonância, esta pulsação de vida, também presente no momento do nascimento, indica um ritmo de compartilhamento entre mãe e bebê. Ele é o que diferencia um organismo do outro e o singulariza. Este ritmo é o movimento do desejo interno que gera uma coreografia que, por sua vez, possibilita um fluxo de alma.
Quando há ressonância, existe graciosidade e fluxo de alma. Ela cria a melodia do contato e organiza a dinâmica do self do sujeito.
São seus elementos constituintes a simpatia e a empatia, a confiança básica, a continência, o holding, a cooperação e a integração. Todos eles são participantes da possibilidade da dança acontecer entre duas pessoas, como diria Boadella, desde a criação do início desse movimento até o encontro, que é o ápice do processo.
David Boadella especifica que para se chegar à ressonância é necessário passar pela interferência. Encontramos a ressonância aos poucos, saindo da interferência, cada vez mais em contato com o coração. E abrir o coração, levando-se em conta os conceitos contemporâneos, significa presentificação, ocupar o lugar, ter a capacidade de entrar no campo onde inúmeros fluxos se atravessam e se afetam e ampliar novas possibilidades.
Faz parte da ressonância o conceito de inclusão. Ter a capacidade de incluir em si o outro do jeito que ele é. Aceitação e presença, que formam um campo, em que se recupera esse espaço que se situa entre as pessoas. Espaço que une e que é um campo de ressonância, que se constitui dentro e ao redor das pessoas em relação. Um espaço entre e um tempo, que não é linear, nem absoluto, mas o tempo de encontrar um ritmo biológico interno.
Para ilustrar um campo de interferência, descreverei o mito do Narciso. Eco, a deusa que perdeu a voz própria, por sua paixão, cria um estado de anti-ressonância, um estado simbiótico com Narciso por repetir as suas frases, num espaço que lhes é comum. Esse estado eco-narcísico surge em vários campos nas relações. Nos estados de paixão em que se parece estar tão ressonante, na verdade, temos simbiose, o que acaba criando uma falsa unidade. Para estabelecer a ressonância, entretanto, é preciso encontrar o registro da diferença.
Estar em ressonância é ir além da transferência, diz Boadella, ou seja, á a possibilidade de sair da pequena história projetiva para entrar num sistema mais amplo de relacionamento. É construir novos mapas de aprendizagem
Hoje, fala-se também de ecoressonância. O mundo atual que apresenta tragédias naturais ou provocadas pelo homem, nos coloca em ressonância com todo o planeta. Impossível não ficar ressonante com os efeitos do Katrina. A ressonância com a aldeia global constrói os humores do nosso dia-a-dia, nos afeta.
Podemos falar de ressonância com a comunidade. Edith Stein Werk nos diz que existe uma comunidade de destino que coloca a humanidade num grande todo e que a humanidade procede de uma mesma raiz, se dirige a um mesmo fim e está implicada num mesmo destino. Aí está a possibilidade de ressonância entre todos. Essa é a dança do encontro.
Como vemos muito se pode acrescentar ao conceito de ressonância se observarmos aspectos da contemporaneidade.

17 de fevereiro de 2008

PASSADO, FUTURO...

Voltar no tempo... reviver, reaprender, ter uma nova chance.
Se pudesse voltar no tempo e fazer diferente...
Se tivesse a oportunidade de refazer as coisas...
Talvez conseguisse ser diferente, ou não...
Talvez não precisasse ser diferente,
nunca se sabe...
Mas reviver o que passou é um sonho que nos encanta e atrai.
Somos os seres das infinitas possibilidades, somos cientistas, analistas e cobaias de nós mesmos. Nos vemos como criadores e descobridores universais, uma estonteante ilusão que nos alimenta e movimenta e na maior parte do tempo nos faz perder contato com o real.
Como seria a minha vida se eu pudesse agir de maneiras sempre novas?
Que resultados seriam possíveis? ...teoria das probabilidades...
E viajar no futuro... descobrir o resultado das infinitas probabilidades? Encarar o efeito de nossas escolhas?
Talvez tudo isso nos fizesse mais cuidadosos e humanos... talvez...
O passado e o futuro conscientes nos faz alertas ao nosso presente maior: o aqui e agora!
Cris Rangel

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

De acordo com os especialistas, reunidos neste fim de semana nos Estados Unidos para discutir os 14 maiores desafios da humanidade neste século, máquinas e humanos poderão “se fundir” num futuro não muito distante.
Para o engenheiro Ray Kurzweil, a humanidade está à beira de avanços antes inimagináveis, como a instalação de robôs minúsculos no cérebro, que o tornariam “mais inteligente e saudável”.
“Nós poderemos ter nanobots (chips) inteligentes que entrariam no cérebro a partir dos vasos capilares e poderão interagir diretamente com nossos neurônios biológicos para melhorar a capacidade de memória, por exemplo”, disse ele, em entrevista à BBC.
“Isso é parte da realidade da nossa civilização”, disse ele.
O engenheiro acredita que em 2029, a humanidade terá os recursos de inteligência artificial necessários “para que máquinas atinjam a inteligência humana, inclusive a inteligência emocional”.
Ray Kurzweil acredita que será possível implantar no cérebro um computador do tamanho de um grão de ervilha para substituir neurônios destruídos pelo Mal de Parkinson.
“A última geração deste implante neural permite que se baixe um software para um computador dentro do cérebro do paciente”, explica ele.
“E isso não é um experimento, já é uma terapia aprovada para o tratamento de Parkinson. Isso significa que o estamos fazendo grandes progressos”.
Para os especialistas, alguns dos grandes desafios para a humanidade neste século incluem a resolução de problemas com fontes de energia alternativa, o desenvolvimento de realidade virtual, e o acesso à água potável.

16 de fevereiro de 2008

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Na brincadeira dos meninos que vi não havia armas indígenas ou de fogo,
mas apenas referências a mísseis scuds, bombas atômicas e, pasmem!,
um carregamento de Antrax - o que me fez crer que eles andam (perigosamente)
acompanhando o noticiário.
Os diálogos eram mais ou menos assim:
_ "Tu tem que se render, Saddam, senão vou jogar
uma bomba atômica no teu palácio".
O outro menino, bem menor do aquele que se dizia
George Bush, respondia:
_"O terror vai dominar! O terror vai dominar!".
E ambos se atracavam, aos tapas e repelões,
com Saddam, claro, levando a pior até naquela brincadeira de criança.
Um terceiro garoto, que parecia fazer ali o papel de Tony Blair,
gritava: _"Dá nele, Bush, dá nele!".

12 de fevereiro de 2008

CORPO-ALMA

“Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. ...olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. ... não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. ... temos disfarçado com o pequeno medo e o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. ...não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer ' pelo menos não fui tolo ' e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.”
Clarice Lispector

4 de fevereiro de 2008

CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS

(foto de Luana Rangel)

O que pode unicamente ser nossa doutrina ? ­ Que ninguém dá ao homem as suas qualidades, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e antepassados, nem ele mesmo ( o contra-senso da “idéia”, refutado em último lugar, foi ensinado, sob o nome de “liberdade inteligível” por Kant e talvez já por Platão). Ninguém é responsável pelo fato do homem existir, de estar conformado desta ou daquela maneira, de encontrar-se em tais condições, em tal meio. A fatalidade de seu ser não pode ser separada da fatalidade de tudo que já foi e de tudo que será. O homem não é a conseqüência duma intenção própria, de uma vontade, de um fim; com ele não se fazem ensaios para obter um “ideal de humanidade”, um “ideal de felicidade” ou ainda um “ideal de moralidade” - é absurdo querer desviar seu ser para um fim qualquer. Nós inventamos a idéia de “fim”: na realidade não existe “fim”...Somos necessários, somos um pedaço de destino, fazemos parte do todo, estamos no todo – não há nada que possa julgar, medir, comparar, condenar nossa existência, pois isso seria julgar, medir, comparar e condenar o todo... Mas não há nada fora do todo! - Ninguém pode ser tornado responsável, as categorias do ser não podem ser referidas a uma causa primeira, o mundo não é mais uma unidade, nem como mundo sensível, nem como “espiríto”: apenas esta é a grande libertação – desse modo a inocência do devir é restabelecida.. A idéia de “Deus" foi até agora a maior objeção contra a existência... Nós negamos a Deus, negamos a responsabilidade em Deus: somente com isso salvamos o mundo. (Friedrich Nietzsche)

1 de fevereiro de 2008



Iniciou a viagem...
Homem simpático e cordial.
Ficou com um quarto ,
Alagava sempre...
Sensação de curiosidade...
As mulheres fumam e bebem...
Improvisado,pequeno,
Mas com uma grande energia.
Memória de guerra
Tetos,portas,esculturas
O encantam.
Detalhista.
Música de buzinas,
Se comunica através delas.
Se entende dentro da confusão.
Identificação completa
Abalado com as imagens
Se sente ausente, às vezes sente frio,
as vezes sente calor...
acorda todo molhado! E com frio...
Cheias de maquiagem e antipáticas,
Energia agressiva e descontrolada.
Crianças apaixonadas,
“Mistério,segredo e muito mais,...
divino brinquedo...
amar como dois animais.”
Lobo Mau voando por cima da cadeira.
Horizonte,Mar, despedidas...
Abraçados de corpo inteiro,
até sumir de vista...
A peregrinação...
1ª parada
muitas risadas, risadas abertas
pouco a pouco a se soltar.
Tensão no ar...
2ª parada
seguimos viagem...
3ª parada
tensão,incompreensão, mulheres cobertas...
4ª parada
caras sisudas se tornam amistosas.
Esperou até ser liberado.
5ª parada
música árabe, todos a dançar.
Mãos,cabeças,olhares, percussão riquíssima
Contagiou,dançou, bateu palmas
e cantou como louco.
6ª parada
muito medo, muito tranqüilo,
passou a última barreira.
Gritou e comemorou... dançou até chegar...
Não entendia nada... Mar,morto?
Desarmonia total , não sabia o que iria atravessar...
Coração foi parar na boca.
Acessar a Internet, sentindo paixão? Loucura!!!
Escondido atrás da cortina, contou sobre a travessia...
As crianças riem muito.
Trágico, lamento! Revolta aumenta
Desertos,arames farpados,calor,
máquina que solta vento... estranho detector de cheiros...
Raiva,desapontamento. Mulheres com muita roupa...
Inacreditável!
Espera,espera, estrada,secura, estrada vazia, proteção?
Poeira,muro, sol entrando pala janela.
Silêncio...
Barulhentos,suados,...animados.
Não se sente acolhido... as coisas tem que ser adaptadas.
Gostou das pessoas?
LINDO! EMOCIONANTE! GRATIFICANTE! MARAVILHOSO!
CEM PALAVRAS!
Retorno maravilhoso, parado no mar,morto,
Flutuou,tombou, sangrou... Relax total .
Se fechou, se protegeu,voou...
Avião vazio, aeroporto lotado...
Nasceu o dia, emocionado, repleto,
feliz com a viagem, agradeceu a Deus.

21 de janeiro de 2008

A PONTE

A ponte
(Franz Kafka)

Eu era rígido e frio, eu era uma ponte; estendido sobre um precipício eu estava. Aquém estavam as pontas dos pés, além, as mãos, encravadas; no lodo quebradiço mordi, firmando-me. As pontas da minha casaca ondeavam aos meus lados. No fundo rumorejava o gelado arroio das trutas. Nenhum turista se extraviava até estas alturas intrasitáveis, a ponte não figurava ainda nos mapas. Assim jazia eu e esperava; devia esperar. Nenhuma ponte que tenha sido construída alguma vez, pode deixar de ser ponte sem destruir-me.
Foi certa vez, para o entardecer - se foi o primeiro, se foi o milésimo, não o sei - meus pensamentos andavam sempre confusos, giravam, sempre em círculo. Para o entardecer, no verão, obscuramente murmurava o arroio, quando ouvi o passo de um homem. A mim, a mim. Estira-te, ponte, coloca-te em posição, viga órfã de balaústres, sustém aquele que te foi confiado. Nivela imperceptivelmente a incerteza de seu passo, mas se cambaleia, dá-te a conhecer e, como um deus da montanha, atira-o à terra firme.
Veio, golpeou-me com a ponta férrea de seu bastão, depois ergueu com ela as pontas de minha casaca e arrumou-as sôbre mim. Com a ponta andou entre meu cabelo emaranhado e a deixou longo tempo ali dentro, olhando provavelmente com olhos selvagens ao seu redor. Mas então - quando eu sonhava atrás dele sobre montanhas e vales - saltou, caindo com ambos os pés na metade de meu corpo. Estremeci-me em meio da dor selvagem, ignorante de tudo o mais. Quem era? Uma criança? Um sonho? Um assaltante de estrada? Um suicida? Um tentador? Um destruidor? E voltei-me para vê-lo. A ponta de volta! Não me voltara ainda, e já me precipitava, precipitava-me e já estava dilacerado e varado nos pontiagudos calhaus que sempre me tinham olhado tão aprazivelmente da água veloz.
foto de Guto Horta

18 de janeiro de 2008

A EXTREMA UTILIDADE DO POLITEÍSMO




Que cada indivíduo possa criar seu próprio ideal para dele inferir sua lei, seus prazeres e seus direitos, é o que foi considerado, acredito, até agora como a mais monstruosa de todas as aberrações humanas, como a idolatria por excelência;...Foi numa arte maravilhosa, na força de criar deuses – o politeísmo – que esse instinto pôde se descarregar, se purificar, se aperfeiçoar, se enobrecer, pois primitivamente esse era um instinto vulgar, mediócre, parente da teimosia, da desobediência e da inveja. Combater esse instinto de um ideal pessoal foi antigamente o mandamento de toda a moralidade.
... Foram inventados deuses, heróis, super-homens de todas as espécies, assim como quase homens e sub-homens, anões, fadas, centauros,sátiros, demônios e diabos para justificar o egoísmo e glorificar o indivíduo: a liberdade que se concedia a um deus com relação a outros deuses acabou por ser conferida a si próprio com relação às leis, aos costumes e aos vizinhos. O monoteísmo, pelo contrário, essa rígida consequência da doutrina de um homem normal – portanto, a fé num deus normal junto do qual não há senão deuses falsos – foi talvez até agora o maior perigo da humanidade...
No politeísmo se encontrava uma primeira imagem do livre pensamento e do pensamento múltiplo do homem; a força de se criar olhos novos e pessoais, olhos sempre mais novos e sempre mais pessoais, de modo que, só para o homem, entre todos os animais, não há horizontes e perspectivas eternas.
Friedrich Nietzsche

14 de janeiro de 2008

ESCURO ILUMINADO

Escuro dramático,... arrepios..., sobressaltos.
Escuto um assobio estranho, vejo vultos, sombras,
... sapos, corujas, jacarés, ratos, cobras...pistas de pouso, estrelas cadentes,
... medo.
Então surge a luz... quebrando o encanto,
clarificando a magia,
... me fazendo de tola e covarde diante de mim mesma.
Que absurdo!!!
... enquanto a escuridão materializa minha pior parte, a luz revela e expõe minha pior parte...
Sentirei medo ou vergonha...?
Me manterei no limbo, na sombra do meu ser,
ou no céu, luminosidade ofuscante da minha cegueira?

09/01/08 Cris Rangel

1 de janeiro de 2008

ADEUS 2007

2007... já passou..., devo dizer adeus, mas ...,
desafios vencidos, medos confrontados,sensações despertadas,
limites transpostos. Fui parar no outro lado da moeda..., atravessei pontes,
fiz travessias longas e sempre voltei...
Constatações:
- A humanidade é um corpo só, portanto não adianta eu entrar em conflito com meu pé, meu cérebro, meu estômago,... coração.
- Corpo-Homem dentro do Corpo-Terra dentro do Corpo-Universo, que é o Corpo-Deus.
Liberdade total, uma linda quimera..!
- Sempre consigo aquilo que desejo, o problema é lidar com o que desejo,
as vezes é o inferno!
- Passo,passo,...calma...,observa o passo, a trilha, a estrada... Atenção, ... escolhe!
- Faço o que tenho de fazer, não delego mais minhas responsabilidades a outros.
- Projetos: fazer, refazer, criar, sintetizar,moldar, transformar, ... forma ideal?
Sem expectativas ilusórias, por favor.
-Auto-consciência da auto-reflexão.
Conseguir se enxergar...aonde? No espelho, na imagem? No outro?
Mas não me reconheço, essa não sou eu, eu não sou desse jeito!
( e o outro continua me refletindo... por isso às vezes não tolero as pessoas...
mas preciso auto-refletir , isso me redireciona, preciso do outro!)
Então adeus 2007...
Bem vindo 2008...
Consolidar o que foi construído, só que de uma maneira nova...
desafio!!! Isso vai ser muito divertido!
O Louco dará seu primeiro passo... de novo... só que auto-consciente e auto-reflexivo.
Um louco sábio...!
Boa sorte e que venha 2008!!!

26 de dezembro de 2007

A PONTE QUE PARTIU



A ponte que partiu, que ponte é essa? Ponte entre dois lugares ...
Normalmente eles possuem entre si um obstáculo e conseqüentemente precisam de uma ponte!
Que lugares são esses? Eu e o outro...? Aqui e lá...?
(minha ponte estava partida, quase intransponível, cheia de buracos, medos, inseguranças, terrível uma travessia!) ...
E a pergunta continua... que lugares diferentes são esses?
Mudei de lugar, e ainda era eu , história, volume,intenção...
Atravessei sim uma ponte partida, e não me arrependo... percebi que é possível transpor obstáculos, inclusive aqueles que crio para mim mesma.
Tento atravessar todos os dias... mas está cada vez mais dificil... as taxas são altas, tem que se passar por uma revista rigorosa para poder atravessar, não existem garantias durante a travessia, e quem se atreve a atravessar tem que ficar alerta para se agarrar a qualquer coisa... um passo em falso e tudo vira “era”...
E por que atravessar? Para ir pra onde? Encontrar quem? Só encontro a mim mesma, afinal...
Então essa é a razão dessa travessia, encontrar comigo mesma, todos os dias, entender como sou eu em relação a mim mesma... É só isso...
Cris Rangel

23 de dezembro de 2007

O Espelho


Insisto em olhar no espelho...
e então volto ao início de novo.
Zero futuro, zero intenção, zero ação...
e depois vem o " menos eu"...
Lá está ele, meu "menos eu", preso no "zero-espelho".
Tenho pena dele lá,
seus olhos expressam sedução e terror...
adoro encara-los, pois sei que sou livre e movente..!
Meu "menos eu" sempre me deprime, mas volto sempre a fita-lo,mas
não me demoro nos detalhes e tento prestrar atenção ao que ele tem a me dizer,
... meu "menos eu"...
E então... volto ao início de novo...


Cris Rangel

16 de dezembro de 2007

O LÍDER

O desejo básico de ser líder surge em pessoas que estão sofrendo de um complexo de inferioridade. Não importa se elas atuam no mundo político ou no mundo religioso; o desejo por poder é uma indicação absoluta de que o homem sente ele mesmo inferior aos outros e ele quer provar ao mundo que isso não é assim.
Não é só uma questão de provar para o mundo, atravês do mundo ele também quer provar para si mesmo de que ele não é inferior a ninguém. O único jeito que a mente pode conseguir isso é tornar todo mundo inferior a você. (OSHO)

14 de dezembro de 2007

O NÁUFRAGO


Não tivesse Robinson abandonado o ponto mais alto (ou com maior exatidão, o mais visível) da ilha, por desconsolo ou humildade ou medo ou ignorância ou nostalgia, e teria logo sucumbido; mas uma vez que, sem fazer caso dos navios com suas fracas lunetas, pôs-se a explorar a sua ilha e a contentar-se nela, manteve-se com vida e sempre tornou a ser encontrado, numa seqüência de fatos encadeados de maneira razoavelmente necessária.( Franz Kafka)

A VIDA


Vida,... o que esperamos que seja a vida? Algo mais, melhor, além...?

O que é realmente a vida, sem as novelas, sem o glamour,
sem o silicone, a lipo, os carros na garagem...?

O que esperamos que seja a vida?

Que tal criar sua própria versão...?
Usar sua imaginação, interpretar sua própria vida, inventar seus personagens,
mudar o roteiro, improvisar..., divertir-se!

Vale a tentativa... é só começar...!

" Não existem fatos, somente interpretações."( Clarice Lispector )

8 de dezembro de 2007

CHUVA DOS CORPOS


Chuva dos corpos... homem, mulher... cristalinos...
Onda que cobre... amor em carne e... terra molhada.
Se oferecem a todos os seres do instante...
se transformam em prisma, em gota...
do suor que não cessa... cessa... cessa..!

Cris Rangel

5 de dezembro de 2007

Frágil


Como é bela a fragilidade do corpo-ser humano...
Esse corpo que precisa do outro, que se afoga no outro e se desmancha no final.
Somos todos frutos da mesma árvore, agarramo-nos nos mesmos galhos, no mesmo tronco, na mesma raiz... no mesmo destino.

Somos belos e frágeis... e é aí que reside nossa humanidade...